Hoje apetece-me partilhar algo que muito
poucas pessoas nesta vida imaginam ver-me a fazer...Vou falar de algo tão real e verdadeiro
que inesperadamente, quem sabe se com a sua leitura, vos consiga oferecer uma
lição de vida.
Se tal não acontecer, lamento saber que existem pessoas assim...
…Em um qualquer sábado quente de Julho de 1970…
Era fim de tarde de um sábado que tinha sido
quente, eu estava a regar o jardim lá de casa, quando fui interrompido por um
menino com pouco mais de 9 ou 10 anos que do lado de fora do gradeamento me
chamava, tímido:
- Senhor... Senhor por acaso não tem um pouco
de pão velho que me possa dar?
Essa coisa de pedir pão velho sempre me incomodou desde criança, como aquela que se apresentava agora da parte de fora da minha propriedade. Na minha adolescência descobri, digo eu... Que pedir pão velho era o mesmo que dizer: Dá-me o pão que era meu e ficou na tua casa.
Essa coisa de pedir pão velho sempre me incomodou desde criança, como aquela que se apresentava agora da parte de fora da minha propriedade. Na minha adolescência descobri, digo eu... Que pedir pão velho era o mesmo que dizer: Dá-me o pão que era meu e ficou na tua casa.
Olhei para aquela criança com carinho
especial, só conseguia enxergar a sua cabecita loira com um cabelo que já tinha
saudades de um bom sabão e sobretudo o brilho do seu olhar, de um azul cinza
impressionante e apesar de tudo, o que mais me impressionou foi a falta do
sorriso que qualquer criança daquela idade deve ter. Meu Deus, como senti uma
enorme nostalgia de ser criança. Parei o que fazia e sem saber porque perguntei
onde o petiz morava. Parece estupido fazer uma pergunta assim a alguém que nos
pede algo mas foi o que me ocorreu enquanto caminhava para abrir o portão.
Primeiro ele olhou para mim desconfiado, depois lá foi dizendo: Moro do outro lado da cidade junto ao jardim zoológico, disse tipo; porque pergunta ele onde moro, afinal só lhe pedi um pouco de pão velho… Como lhe observei que estava muito longe de casa ele, com a paciência que a fome lhe conferia la argumentou: É... Mas para comer, eu tenho de me deslocar por vezes para muito longe de casa. Hum...Sei, respondi, sem saber porque continuei a fazer perguntas, enquanto o petiz já ia entrando ao meu gesto para passar o portão. E a escola, não vais a escola?
Aquele olhar já triste tornou-se cinzento e
senti o esforço daquele menino para não chorar, não meu senhor a minha mãe não pôde
comprar material que a escola pedia.
E o teu Pai mora com vocês? Bom, foi nesta
altura em que as lagrimas caíram pelo rosto daquele inocente Nenhuma criança no
mundo merece verter uma lagrima, para isso terá o resto da sua vida. Quando
parou de soluçar, disse-me que não conhecia o pai e falou da Mãe, do cão, dos
gatos e ate dos vizinhos que os maltratavam por serem pobres
E a conversão prosseguiu, até que olhando á nossa volta estávamos iluminados somente pela luz da lua, uma maravilhosa lua cheia. Eu atarantado sem ter dado pelo tempo passar disse ao petiz
E a conversão prosseguiu, até que olhando á nossa volta estávamos iluminados somente pela luz da lua, uma maravilhosa lua cheia. Eu atarantado sem ter dado pelo tempo passar disse ao petiz
-Olha, vou então buscar o teu pão, mas tenho
uma pergunta; serve pão novo?
O meu espanto aumentou quando o petiz, agora
com um sorriso e um brilho que fazia inveja á lua, me respondeu
- Não é mais preciso o pão, afinal o senhor já falou tanto comigo que a fome que tinha passou!
Esta resposta, vinda daquela boca infantil, caiu em mim como um raio. Tive a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor daquela criança. Este menino de apenas 9 anos, já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e sem amigos, tão necessitado de uma conversa amiga, afinal, de um pouco de atenção.
Caro leitor/a, quantas lições podemos tirar desta resposta:
- “Não é mais preciso o pão, afinal o senhor já
falou tanto comigo que a fome que tinha passou!”
Que poder mágico tem um simples gesto, de
falar e muito mais importante… ouvir com amor!
Agora para finalizar, confesso que este
excelente ser humano ainda hoje oferece o seu pão novo a quem quer que lhe bata
á porta. Alguns anos já passaram e demasiadas crianças continuam a pedir
"pão velho" na sua casa. E ele, já bastante idoso, como sempre dando
"pão novo” mas sobretudo, procurando sempre compartilhar o pão das
pequenas ou longas conversas. O pão dos gestos que acolhem e promovem o
verdadeiro amor.
Este
pão de amor, posso garantir, não fica velho, porque é fabricado no coração de
quem acredita N’Aquele que disse: - "Eu sou o pão da vida".
- E deixou-nos um novo mandamento:
"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".
Depois daquele sábado eu acho que pedir pão velho" significa dizer:
Depois daquele sábado eu acho que pedir pão velho" significa dizer:
- Converse comigo, dê-me alguma atenção e a
alegria de ser amado.
Nota:
Os factos narrados são verídicos, os nomes não
são revelados pelo simples facto, que quero, como autor, que cada leitor se
imagine ser um dos personagens, escolha um para si e sobretudo que pense muito
bem antes sequer de falar do que não sabe nem nunca sentiu.
Abreijos
Boa semana
Vim aqui parar com a indicação de um amigo comum, bom pelo menos eu penso que sou teu velho amigo embora há muito não nos cruzemos. Paulo eu sou das pessoas que sei o valor da tua escrita, não que anseies ser escritor ou ser lido por não sei quantos mil visitantes, mas sim porque na escrita, encontras o que tanto buscas na vida PAZ INTERIOR
ResponderEliminarAbraço ou beijo (Carol)