RADIO ATALTIC SEA

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Minha folha de papel...

Não sei se vou continuar, se continuarei e por quanto tempo ...
Mas, deixo que o pensamento e um sentimento entre mil, simplesmente voe ...

Assim ...
Sinto-te que em cada palavra escrita, em cada letra escolhida, em cada inspiração e em cada instante meu. O teu corpo, que descubro com a ponta dos dedos que frenéticos te escrevem, e descrevem cada milímetro da folha de papel que és, suavemente perfumada.
Sinto-te o aroma que se mistura, e estranhamente se confunde com o incenso que me queima o ar, mesclando as noites com mil aromas. Esperas-me, sobre essa escrivaninha desarrumada, no entanto vazia, onde todas as noites, serenamente adormeces em sonhos embalados pelo cheiro da tinta e o pó do carvão com que te escrevo.

Chego pelo cheiro do éter todas as manhãs, e a minha respiração percorre-te suavemente, num todo, sentindo sem ter que te tocar, a  macia e nobre lisura do teu papel. As minhas mãos percorrem o teu corpo que frio queima como se de fogo se trata-se, sinto-te e o meu corpo sente um estranho arrepio que se reflecte na pele, e descubro-me envolto na brisa fresca da manhã. Encontro-te no abraço apertado que ternamente penso em dar-te. Os meus lábios imaginam-se a suavemente beijar a tua textura, e os meus dedos procuram encontrar nos teus limites, a plena imensidão do prazer que sinto quando em ti escrevo, com a certeza, mais do que absoluta, de que irão ser recompensados.

No instante em que nos beijamos, com a intensidade que apenas a saudade de muitas vidas deixou em nós. Sinto-te, quando os nossos olhares se cruzam, e a minha boca ávida te devora num mágico momento. E quando de novo a noite cair, a lua irá certamente encontrar-nos, e adormecer-nos onde o sol nos despertou...

Dois corpos separados mas duas almas abraçadas, sobre as letras que constroem os textos que em confiança, deposito em ti até ao amanhecer...

Paulo Figueiredo
In Vitro 23/05/2014


sábado, 17 de maio de 2014

(In)Compreensão..

Todos nós aspiramos e buscamos a felicidade, e quando ela finalmente acaba por surgir, poucos a sabem compreender. Na nossa, só por si defeituosa, mentalidade julgamos sempre muito pouco do que já temos, e com essa insatisfação permanente, desprezamos quase sempre a maior beleza que a vida nos oferece, justamente saber-mo-nos contentar com o que possuímos. O maior mal da humanidade é julgar-se sempre injustiçada, frustrada em suas aspirações; cada um de nós presume-se o mais digno do bem-estar, o mais indicado para as facilidades e as incompreensões do mundo. Temos o fado de exigir sempre o que julgamos o melhor, o mais belo que em nossa reduzida insensatez, é somente tudo aquilo que não nos pertence e que jamais nos pertencerá.

Podemos até ser muito amados, muito ricos, muito poderosos e saudáveis, mas sempre estaremos insatisfeitos, desejando mais e mais alguma coisa. Neste vasto mundo, existem milhões de criaturas que sofrem e que choram tanto ou mais do que nós, e como nós, desejam também e somente, encontrar-se e completar-se. Homens e mulheres, no anseio de possuírem a felicidade, somente conseguem aniquilar toda a sua beleza porque sonham demais, idealizam quimeras, exigem absurdos, vibram apenas às malditas emoções materiais.

Nós somos tão imperfeitos, que dificilmente encaramos com alegria a felicidade do outro. Julgamos erradamente e quase sempre com egoísmo latente, que essa felicidade deveria ser nossa, porque somos melhores e os mais dignos seres da criação. Pobre humanidade que procura o amor, a compreensão, o bem-estar e a alegria, dentro da indiferença, do egoísmo, da ociosidade e da inveja. Nós sabemos e estamos sempre predispostos apenas, a julgar os defeitos alheios, vibramos com os nossos apelos da vaidade, da lisonja e do orgulho! No entanto, se pensarmos um pouco, e se olhássemos para dentro de nós, veríamos desolados que temos o máximo para o mínimo que merecemos!

Aquele que se julga infeliz é porque, infelizmente em seu egoísmo, esquece a infelicidade dos outros, e é porque alimentou dentro de si próprio, esse monstro horrível da insatisfação; é porque, em sua triste incompreensão, deseja apenas aquilo que não lhe pertence. É por isso, preciso encontrar a coragem necessária para analisar friamente as nossas parcas possibilidades para que compreendamos que todos os bens deste mundo, e até os mais fabulosos tesouros da terra, serão sempre insuficientes para aqueles que na insatisfação de si mesmos, não se contentarão jamais!

Abreijo !!!



terça-feira, 13 de maio de 2014

Não quero...



Não quero nada fácil, faço tudo acontecer e mesmo a custo conquisto o meu espaço...Não espero de nada de ninguém pois tenho perfeito conhecimento de quem sou, e sei bem o que quero e para onde quero ir...e vou viver, sempre, em perfeita e harmoniosa a forma de me encarar todas as manhãs. e espero de cabeça bem erguida somente mais uma chance de me reencontrar !!!

"Quem age somente por interesse. Não merece a recompensa, pois sem sacrifício não há glória, e sem dor não há vida"

Hoje nada mais tenho para fazer acontecer...Somente espero o reencontro comigo mesmo.

Abreijos



domingo, 11 de maio de 2014

Na verdade...

   Da Vida já não quero muito...Quero apenas saber que tentei tudo o que quis, e que tive tudo o que pude, amei tudo o que valia a pena, e apenas perdi o que no fundo, nunca foi meu.
   Nesta minha vida, de meu verdadeiramente nada tenho. Cheguei aqui totalmente despido e sei que as vestes que levarei quando dela sair, a mãe terra vai encarrega-se de as devorar. Hoje sei que o que levo desta vida é somente a vida que sempre levei. Hoje tenho consciência de que sozinho nada sou e que nada consigo. Em tempos, Cristo mandou: Nada juntar aqui, porque daqui nada será levado"...Mas eu sei que embora nada leve, a obra fica, e o eco do meu viver repetir-se-à pelas gerações vindouras...
Posso desta vida já não querer muito mais, nem reconhecimento, medalha ou prémio, somente quero o respeito pelo que foi o meu viver.
   Muitos terão a força na língua de falar sobre o que sou ou o que fui, muito poucos, quererão de facto calçar as minhas "andrajosas" alpargatas e percorrer o meu caminho.
   - Errado?
   Sim, sei que errei ao tentar e voltaria a errar se tivesse tempo para isso, não erraria de novo por não tentar, por nada fazer. Erraria certamente por voltar a tentar tudo o que quereria e mesmo que somente consegui-se o possível voltaria a amar tudo o que valesse a pena, porque o demais na verdade, nunca seria meu !!!
A vida tem destas coisas...Jamais a minha consciência não estará tranquila e sinto que ao fechar os olhos na despedida, um sorriso finalmente iluminará o meu rosto cansado de não sorrir, e uma lágrima será a única testemunha de toda a amargura que encerra o meu coração.

   Amo tudo o que tenho e que a custo alcancei...Mas tenho pavor de acreditar e admitir que afinal não tenho tudo o que amo !!!

Paulo Figueiredo
Maio, 11 de 2014


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Saudade...

Todas as pessoas que de uma maneira ou outra passam pelas nossas vidas 
Tendem sem margem para duvida a deixar as suas marcas num ir e vir infinito.
As que para sempre permanecem, é porque simplesmente, gratuitamente doaram á amizade verdadeira os seus corações para entrar assim em sintonia com as nossas almas. As que se vão, essas deixam-nos uma enorme saudade mas também um grande conhecimento. Não é importante qual e que tipo de atitudes tiveram, pois foi com elas que aprendemos quase tudo o que sabemos.

  Com as pessoas vaidosas e orgulhosas aprendemos que devemos ser humildes, com as mais carinhosas e atenciosas aprendemos a ter gratidão, com as mais duras de coração aprendemos a conceder o perdão. Com essas pessoas que pela nossa vida passam, aprendemos a respeitar, a amar intensamente e de várias formas:
Com amizade, com dedicação, com carinho, com atenção, com atracão, com paixão e ou com desejo ...
De qualquer forma, de uma coisa tenho absoluta certeza,nunca ninguém nos ensinou, e jamais aprenderemos como reagir e o que fazer, diante da "SAUDADE"de que algumas pessoas têm o condão de deixar em nós !

Abreijos...



terça-feira, 6 de maio de 2014

Aprendi..

"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém, afinal somente posso dar razões validas para que gostem de mim e ter paciência para esperar que a vida faça o resto".... Aprendi que não é primasia o quanto certas coisas são importantes para mim, até porque existem pessoas que não dão a mínima para esse facto, e eu jamais conseguirei convencê-las do contrario. 

Aprendi que posso passar anos a construir uma verdade e destruí-la em apenas alguns segundos. Que posso usar meu charme e poder de sudução por apenas 15 minutos, depois disso, preciso saber do que estou a falar. Eu aprendi... Que posso fazer algo num minuto e ter que responder por isso o resto da minha vida. aprendi que por mais que se corte um pão em fatias, esse pão continua a ter duas faces, e claro, o mesmo vale para tudo o que cortamos em todo o nosso caminho. 

Aprendi... Que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser, e  que devo ter paciência. Mas, aprendi também, que posso ir além dos limites que eu próprio coloquei. Aprendi que preciso escolher entre controlar os meus pensamentos e ou ser controlado por eles. Aprendi tambem que os heróis são pessoas que fazem somente o que acham que devem fazer naquele momento independentemente do medo que possam sentir. 

Aprendi que perdoar exige muita prática e que existem muitas pessoas que gostam de mim mas que simplesmente não o conseguem expressar. Aprendi que nos momentos mais difíceis da minha vida a ajuda veio justamente das pessoas que achei que iriam tentar piorar as coisas. Aprendi que posso ficar furioso, e tenho direito de me irritar somente não tenho o direito de ser cruel. Que jamais posso dizer a uma criança que os seus sonhos são impossíveis pois seria tragico para o mundo se conseguisse convencê-la disso. 

Eu aprendi que será o meu melhor amigo  que vai machucar de vez em quando, e que tenho que me acostumar com isso... Que não é bastante o ser perdoado pelos demais, pois preciso perdoar-me primeiro. Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja a sofrer, que o mundo não vai parar por causa disso. Eu aprendi... Que todas as circunstâncias da minha infância são responsáveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu fiz,faço e farei enquanto adulto. 

Aprendi que numa briga eu preciso escolher de que lado estou, mesmo quando não quero envolver-me, e que quando duas pessoas discutem, não significa que se odeião, e ainda que quando não discutem, tambem não significa que elas se amam. Aprendi que por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão sempre se machucar e eu também, e que isso faz parte da vida. 

Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre em poucas horas, por causa de gente que nunca vi antes. Aprendi também que os diplomas na parede não fazem de mim nem de ninguem, uma pessoa mais respeitável ou mais sábia. 

Aprendi que até as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério e que os amigos não são apenas para guardar no peito, mas para lhe mostrar-mos que são nossos amigos e que precisamos deles. Aprendi que certas pessoas, vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre. 

Aprendi, afinal, que é difícil traçar uma linha entre ser gentil, não ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito.



Aprendi que afinal sou somente um ser humano !!!

Abreijo...