Hoje quero falar-te da dor incubada em todos os meus poros.
Não quero usar de lógica nem de coerência…
Quero falar-te dos ontem(s) obscurecidos pela névoa que me rouba o ar
Quero falar-te do meu amanhã, de uma realidade insólita que gravita fora de órbita.
Quero falar-te das duvidas semeadas no meu sangue quente e tão vermelho como o teu.
E da âncora que esta presa nas minhas artérias, rasgando-me as certezas incertas.
Quero falar-te de um sol que se deita na minha alma e me queima a sanidade e serenidade
Quero falar-te dos meus pés cançados mas que semeiam flores.
Quero falar-te do meu chão árido, dos meus tropeços, dos meus passos que deixaram marcas no caminho
Quero falar-te dos meus braços estendidos na imensidão de um talvez, ou não !!
Dos meus lábios desertos aridos de beijos, quero falar-te.
Quero falar-te das tristezas (in)trançadas no meu cabelo grisálho que um dia foi louro,
Quero falar-te dos meus sonhos que embrulho em mortalhas de fino linho.
Quero falar-te de todos os meus gritos perdidos na multidão e dos fantasmas presos no meu porão
Quero falar-te das sombras que me observam e riem de mim
Quero falar-te de vida com vestes de cetim que beija o sentimento
Quero falar-te dos meus entre tantos, dos meus entre meios, dos meus entre outros
Quero falar-te de um lugar perdido dentro de mim que jamais irei encontrar.
Quero falar-te das minhas pedras no sapato, na alma e na garganta.
Da indiferença com a qual ja me habituei !
Quero falar-te de silêncios sublimes que me afloram os tímpanos
Quero falar-te de meus erros sem consertos e dos consertos dos meus erros.
Quero falar de um eco de renuncia que ecoa em meus sussurros, gritos e sonhos
Quero falar-te dos rios que correm em mim e deságuam em ti
Quero falar-te de um naufrágio no qual morri afogado em loucura e medo
Afinal…
Quero somente falar-te de mim !!!
P.F.
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